quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Carta aos amados II

Olá...  Me chamam de May desde que entrei aqui no kk....   E eu não sei o que escrever. Tem tantas coisas que eu gostaria de falar para tantas pessoas diferentes... Na verdade, esse é o segundo texto que eu escrevi, não sei qual vai fazer mais sentido. Tenho tantas coisas pra falar, e palavras só atrapalham, mas vamos lá.

   Parece que foi ontem que eu entrei nessa escola no meio do nada, atravessei a feirinha com uma mochila do tio Jack pensando 'onde eu vou parar?' e atravessei os portões entrando numa escola laranja e azul onde eu falava com ninguém e fazia nada, isso sendo que ontem eu estava correndo como uma doida em busca de decoração e de coreografias, e de músicas, e de textos, e de roupas e pessoas. Isso é uma coisa que nunca imaginei que aconteceria comigo, digo, correr atrás de tantas coisas; Isso é apenas uma das coisas que eu nunca achei que aconteceriam comigo e aconteceram no kk. Sinceramente não sei se elas teriam acontecido se eu não estivesse no kk, talvez sim, mas não seriam tão legais e emocionantes. E, mesmo que fossem, eu não trocaria as coisas que aconteceram aqui por nada. Muitos também devem pensar assim, e é com isso que esse nó na garganta e essa vontade de chorar se aconchega em nossos peitos.

   Quantas coisas eu aprendi? Quantas pessoas eu conheci? O quanto eu mudei? Quantas coisas eu vi? De quantas eu ri, chorei, sobre quantas eu pensei?  Será que eu cresci? Mudei pra melhor, pra pior...? Cada um sabe, mesmo que inconscientemente ou guardado lá no fundo, a resposta de essas e tantas outras perguntas.

   Eu aprendi muitas coisas, conheci muitas pessoas, mudei? Sim. Vi coisas que não veria em outro lugar. Ri demais, chorei demais, pensei demais. Não sei dizer se cresci mentalmente, se cresci como pessoa. Se eu mais ajudei do que atrapalhei, ou mais atrapalhei do que ajudei...  Eu sei que estou aqui agora e não trocaria nenhum momento, bom ou ruim, que tive nesses três anos. O único arrependimento que eu poderia guardar eu estou me livrando por meio desta. O arrependimento de não dizer coisas que eu deveria dizer.

   Novamente, eu mudei muito. As pessoas com quem eu ando agora não são as pessoas com quem eu andava no primeiro semestre do primeiro ano, nem as do segundo semestre do segundo ano. Algumas eu conheci de verdade na metade do ano passado, outras eu comecei a conhecer no inicio do ano passado. Tem gente que eu só fui conhecer esse ano, se não na metade dele, e me alegro ao ver o sorriso dessas pessoas ao me dar bom dia. Algumas dessas pessoas já não estão mais no kk -não estão mais entre nós-, mas ainda mantem contato comigo (o que me alivia e me fez não entrar em prantos como entrei no ano passado quando tais pessoas sairam). Algumas pessoas eu nunca vi, outras eu já troquei um 'bom dia' ou um 'olá', tem outras que eu vi a vida toda na palma da mão, outras que eu simplesmente soube da vida com um olhar. Algumas precisaram falar mais, outras menos, mas a vida é assim. É necessário uma pessoa que você não conheça passar por você para que você saiba amar qualquer outra, dar valor e essas coisas.

  Sendo direta ou indiretamente, parcial ou completamente, todas as pessoas que estão aqui afetaram de alguma forma a vida de outra. Você afetou a minha de alguma forma, eu afeitei a sua de outra. Mesmo que nunca tenhamos nos visto, e isso é comprovado cientificamente...  As palavras a seguir vão para aqueles que não troco mais tantas palavras quanto antes e, talvez, quem sabe, não verei mais tão cedo:

  Sigam seus sonhos, confiem em si mesmos, e façam o que vocês acharem melhor para vocês. Não vou dizer que os amo como amo os outros, mas de uma forma ou de outra, vocês serão pessoas que não me esquecerei;

  Para aqueles com quem eu nunca conversei: Não conheço vocês, mas desejo muita sorte no mundo la fora e espero que tenham aproveitado o que puderam aproveitar aqui dentro;

   Para aqueles que eu converso, mas não sei com quanta frequência vou ver:  Vocês com certeza foram essenciais na minha vida, me fizeram mudar, me ensinaram a pensar, me ajudaram a viver. Não sei se vocês vão se esquecer de mim, espero que não se esqueçam. Peço desculpas por qualquer coisa e saibam que sinto um carinho muito especial por vocês.

  Para aqueles que eu converso a muito ou pouco tempo e que não quero que se afastem de mim: Eu amo vocês, e palavras não conseguem suportar o peso desse sentimento. Espero que nunca se esqueçam de mim, de verdade, porque eu nunca, nunca, jamais esquecerei de vocês. Vocês são essenciais na minha vida como ar, e sem vocês eu não sei o que eu seria agora. Sem vocês talvez esse texto não tivesse tanta razão. Eu peço desculpas por tudo, ou por qualquer coisa. E muito obrigada por terem feito dessa escola um lugar memorável e digno dessas lágrimas que caem. Não deixem que o tempo (seja a falta dele ou a sobra dele), a distância, a dificuldade de comunicação via meios tecnológicos ou qualquer outra coisa nos afastem, e, por favor, que continuemos a nos ver. E que isso seja recíproco e não apenas um capricho egoista de minha parte.

  Aos professores:  não conheci muitos professores que me fizessem pensar mais sobre as coisas do que vocês. Tenham certeza de que vocês entraram na categoria mestres e que sempre lembrarei das coisas que falaram. Talvez não das fórmulas quimicas, matemáticas, do ano em que tal guerra aconteceu ou da densidade demografica de tal país, ou até mesmo qualquer outra coisa relacionada com qualquer outra disciplina que eu não consigo me lembrar para dar como exemplo, mas as coisas que vocês falaram e o jeito que vocês agiram sempre estarão marcados em mim e eu sempre lembrarei disso.

   Não sei quanto disso foi tocante, interessante ou fez sentido. Para mim, no momento, nada faz sentido. Também não tenho certeza de que eram essas as palavras que eu queria dizer. Mas, por hora, serão estas que deixarei aqui, e espero que tudo dê certo para nós, formandos do fim do mundo.

  Ass.: Mayara Pompeo, vulgo May.

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